Ocritério escolhido pela RTP-Açores para ordenar os debates das eleições regionais, cumprindo a tradição, ou seja, começando pelas ilhas mais pequenas e terminando com as maiores, peca, por isso, por falta de inovação.
Talvez não fosse má ideia romper com este clichê e adotar um critério novo. Por exemplo: sequenciar os debates conforme um tema principal escolhido para cada ilha e ordenar esses assuntos consoante a importância, atualidade, demora na sua resolução, etc.
É claro que que não é fácil, pois a contestação certamente surgiria, mas quem anda no jornalismo sabe que essa coisa de agradar a todos é impossível e, por mim, acho mais proveitoso tentar, com audácia, fazer algo de novo do que não bulir com hábitos.
Digo isto porque os debates do Corvo e das Flores mostraram que as preocupações ali existentes são de grande atualidade, de resolução premente e, até, nalguns casos, comuns a outras parcelas do arquipélago.
Então, por que é que há-de o pequeno Corvo ser sempre o primeiro nos debates e, tendencialmente, o último na atenção que se lhe possa dar?
Prosseguindo a análise que iniciei com o primeiro debate, aqui vai a minha opinião sobre o segundo e ao contrário do que aconteceu com o Corvo, desta feita, é-me fácil elaborar uma classificação de desempenho, ao ponto de me achar habilitado a escolher o posicionamento de cada candidato.
Sem contar com as candidatas Lúcia Silva, PAN e Luísa Corvelo, CDU, que não compareceram, os restantes protagonistas tiveram intervenções que marcaram fortemente a sua presença.
Cognominaria, em relação ao debate, os cabeças-de-lista da seguinte forma: Bruno Belo, PSD, “O Preparado”; Fábio Alves, CDS, “O Organizado”; Gustavo Alves, PPM, “O Destemido”; Isabel Tenente, BE, “A Tímida” e José Gabriel Eduardo, PS, “O Apagado”.
Retendo os epítetos é simples chegar à tal classificação quanto à maneira como se houveram perante as câmaras de televisão e, curiosamente, a escolha da ordem alfabética, para apresentar os nomes, com ela coincide.
Deputado em exercício de funções, de verbo fácil, não escorreito porém, Bruno Belo conseguiu uma goleada, principalmente perante o que se supõe ter sido o alvo previamente escolhido, isto é, o candidato do PS. Argumentou bem e indicou caminhos. Sabe-se, todavia, que o círculo eleitoral das Flores é uma caixinha de surpresas e por isso pode não ter sido a estratégia mais indicada afunilar os ataques.
“O Organizado” terá ido buscar ajuda à sua formação como treinador de futebol e mostrou uma boa arrumação de ideias, procurando tocar num leque largo de preocupações dos florentinos.
Por seu turno, Gustavo Alves, foi o mais autêntico. Voluntarioso, assumiu com humildade o seu nervosismo (não exclusivo) e deu nota de determinação nas propostas que apresentou.
À candidata “bloquista” faltou desenvoltura, prejudicando-se, por isso, na apresentação do que teria para dizer.
Presidente do Conselho de Ilha das Flores, antigo deputado, autarca e professor, José Gabriel Eduardo foi a deceção da noite. Agarrou-se à inócua promessa de dar o melhor de si. Nem o incómodo de ter que defender o Governo perante uma população que, manifestamente, anseia pela resolução de questões que afetam gravemente a sua vida, serve de desculpa para uma performance medíocre.
O moderador, mais talhado para grandes reportagens, precisa rever a sua postura. Não é aceitável que, logo no início do debate, não esteja seguro de si, que tropece.
No Corvo faltou a candidata do Bloco de Esquerda e nas Flores a do PAN e a da CDU. Fragilidades na credibilidade que apregoam e que em nada favorecem partidos que se queixam de ficar para trás na atenção da comunicação social. |X|
Penso que no seu texto de opinião incorreu num pequeno erro, no parágrafo “Por seu turno, Fábio Alves, foi o mais autêntico. Voluntarioso, assumiu com humildade o seu nervosismo (não exclusivo) e deu nota de determinação nas propostas que apresentou.”, creio que pretendia escrever Gustavo Alves, uma vez que Fábio Alves ja havia sido mencionado acima. Cumprimentos.
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Tem razão, David. Enganei-me. Já corrigi. Obrigado pela sua atenção.
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